22 janeiro 2011

O Voto e a Democracia... uma historia de amor?

Neste período que os políticos gostam de chamar de "reflexão", deixo a minha opinião sobre o que representa hoje o voto em Portugal.

Antes de mais, convém ter presente que a nossa "democracia" é bastante jovem, tem 36 anos e uns meses. Não sendo um prazo longo para uma democracia europeia, é prazo bastante para que estivesse, já, suficientemente testada e afinada.

No entanto, na minha opinião, a nossa "democracia" evolui no sentido inverso do pretendido. Na verdade, a população (não gosto da expressão "povo" está demasiado gasta pela boca dos nossos políticos) cada vez tem menos dizer na eleição dos cargos políticos

Na verdade, como é exemplo esta eleição para o cargo de PR, tudo está há muito decidido, assumindo a população a posição de figurantes numa novela que só admite um fim. 

Não nos enganemos, esses "figurantes" são essenciais! Não como pensam, isto é, como essenciais para a escolha do eleito, são, isso sim, essenciais para a legitimação democrática de quem já se sabe vai ser eleito.

Na verdade, aí é que está o poder da população, os políticos sem a legitimação popular, consubstanciada pelo voto não sobrevivem. Não será estranho que todos os partidos e todos os políticos apelem ao voto? Estarão eles preocupados com a nossa participação cívica? Como podem todos beneficiar de uma votação massiva? Só há uma resposta: A máquina partidária sabe que sem legitimação não sobrevive e não sobrevivendo o sistema de compadrio instalado não pode funcionar...

É altura de acordar! O voto, ao contrário do que nos vendem, é um direito, não um dever. É provavelmente o nosso maior poder, mas ao contrário do que nos "vendem" não pelo seu exercício, mas pelo seu não exercício. Já pensaram no debate que se lançaria na sociedade portuguesa se um determinado Governo ou PR fosse eleito apenas com o voto dos militantes partidários? Provavelmente acabaria a desculpa que as pessoas não foram votar porque está frio, ou porque está calor, ou porque chove e perceber-se.ia que simplesmente não se revêm em nenhum partido, em nenhum politico! Nesse dia, garanto-vos, as coisas mudam!

O modelo partidário está falido e condenado a dar-nos políticos cada vez mais medíocres. De facto, até agora, goste-se ou não andámos a ser governados por políticos que saíram da revolução de 25 de Abril de 1974, políticos que tinham um emprego antes de viverem da politica. Mas essa geração vai desaparecer a muito breve trecho. Quem fica? Fica a nova geração de políticos: Sócrates, Pedro Passos Coelho, Paulo Portas, Louçã, Bernardino Soares, etc...

Trata-se de políticos profissionais e se o profissionalismo em outras áreas significa qualidade, na politica significa apenas que estes senhores não fazem mais nada na vida, isto é, vivem da politica, dos cargos que arranjam, quer seja na AR quer seja na Função Publica, ou nos obscuros Institutos Públicos. Em suma, por um lado nunca provaram o seu valor (nunca trabalharam) por outro vivem à custa dos contribuintes, podendo preocupar-se exclusivamente com a sua ascensão politica.

Tudo isto é incutido desde as juventudes partidárias, funcionando no sistema piramidal que caracteriza qualquer organização criminosa. O sistema está de facto viciado pelos seus próprios agentes! E quem permite que isso aconteça somos todos nós...

Somos nós que validamos a sua existência e proliferação pelo voto, voto esse que muitas vezes é dado de forma cega (voto na cor partidária independentemente do candidato), outras de forma ignorante (a informação está disponível quanto mais não seja na Internet, basta pesquisar, informem-se).

Estou convicto que hoje só há uma forma, não violenta, de alterar o estado das coisas, a Abstenção atingir os 80%. (É difícil contabilizar o número de militantes partidários, muitos não sabem sequer que o são, outros nem a quotização pagam...)

Utópico? Já passou os 60% e lembro-me na altura de ter dado bastante debate nos média...

A população portuguesa precisa perceber que tem o poder de "dar um murro na mesa" a alternativa será dentro em pouco estarmos no ponto a que chegaram países como a Tunísia e a Albânia, ou seja, com todos na rua em confrontos, porque simplesmente as pessoas não aguentam mais...

É preciso partir o "molde" deste sistema de compadrio instalado onde todos os partidos têm apenas um interesse, o proveito politico e consequentemente económico dos "seus". O corporativismo deixou, quase na totalidade, de ser sectorial, é hoje politico.

Se em Portugal o voto e a democracia começaram como uma bela história de amor, hoje estão divorciados e odeiam-se! Os seus "bastardos" somos nós, mas também somos a sua mãe e o seu pai.

ABSTENÇÃO NOS 80% JÁ!!

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