Carlos Silvino diz que foi obrigado a mentir para suportar as acusações no processo da Casa Pia - Sociedade - PUBLICO.PT
O facto digno de registo não são as declarações de Carlos Silvino, claramente uma estratégia de defesa, ( e talvez alguma reacção à quebra de promessa de uma pena aligeirada por ter colaborado) o que não se pode deixar de apontar é o mal que anda a classe dos Advogados em Portugal.
Não será tanto uma questão sectorial (Justiça) mas apenas mais uma transposição para uma área especifica do "chico-espertismo" e cultura do "vale tudo" que graça na nossa sociedade.
Sem querer apontar nomes, porque se trata de uma mera análise subjectiva, estranha-se que um Advogado que na data da condenação em primeira instância do seu cliente, deu uma conferência de imprensa em que se apresentava visivelmente desestabilizado pela injustiça que havia sido cometida pela condenação, hoje, confrontado com as declarações ilibitórias do principal acusador do seu cliente, consiga reagir com toda a calma, dizendo que irá analisar para ver o que fará a seguir. Então o cliente dele não acabou de ser ilibado na praça publica? Onde está o "vêm como nós tínhamos razão?"? Nada! Vai estudar, não revelando qualquer emoção em relação ao facto.
E o que diz o seu cliente? Que não viu. E que hoje vai ler na Focus e logo dará o seu feedback... Um homem que foi acusado "injustamente", de um crime com uma carga estigmatizante enorme, é confrontado com declarações do seu principal acusador que o ilibam e não manifesta qualquer emoção?
É fácil delinear estratégias jurídicas, antecipar que as pessoas não são estúpidas é uma virtude que quem se acha mais inteligente não tem... Diria, quase tudo perfeito, menos a representação. Melhor sorte para a próxima!
Onde anda a Ordem dos Advogados para confrontar estas estratégias jurídicas com o código deontológico? Que a vergonha tinha morrido, já tinha reparado. Agora realizei que no Portugal de hoje, é aceite pela sociedade, em geral, que vale tudo em prol do beneficio próprio.
NOTA: Qualquer advogado pode recusar-se a continuar a representar um cliente. (Regra criada num tempo onde ainda se acreditava que o Advogado devia ser um individuo de estrutura moral acima da média).